URUBÚS - A ARTE NA PERIFERIA E O PACTO DA BRANQUITUDE
- Victor Rangel

- 6 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de jul. de 2023

Sem sombra de dúvidas é o Longa nacional mais genial de 2023 até o momento.
Claudio Borrelli, apresenta seu primeiro longa como diretor, com Produção executiva de Fernando Meireles (Cidade de Deus, Domésticas, Dois Papas) o longa discute o Brasil através do pixo, URUBUS é potente em suas narrativas polêmicas. O tema é tratado de forma vigorosa e responsável, trazendo ao expectador uma visão mais profunda sobre os artistas da pixação, fala sobre a arte do pixo, em especial o grupo de artistas que invadiram a 28ª Bienal de São Paulo para uma intervenção artística cheia de cunho político.
O filme pulsa num lugar muito mais potente, além do episódio ocorrido em 2008 que levou a cultura da pixação para discussões ao redor do mundo.
Nos primeiros minutos o filme já nos é entregue o ritmo frenético e tenso da trama. Alternada com tomadas em P&B, a sequência de abertura é de tirar o fôlego, com uma execução extremamente bem feita, tanto fotográfica quanto de construção de cena mesmo.
Além da fotografia muito bem resolvida e com uma estética impecável o filme conta com cenas de ação magnificas filmadas com a técnica “shaky câmera”, aquela com imagens tremidas que acompanham o personagem de perto, trazendo imersão total da audiência.
Um outro item que impressiona são as atuações. O elenco é formado, praticamente todo, por não atores, em sua maior parte por artistas pixadores reais. A Preparadora de Elenco, Fátima Toledo, além do próprio Diretor, conseguem extrair performances que impactam e trazem veracidade nos diálogos. Deixa nula a sensação de “periferia pasteurizada” que costumamos ver em muitos filmes que falam sobre a cultura da quebrada.
É impossível não citar sobre as questões sociopolíticas exprimidas nessa história, um certo tipo de “aval da branquitude”, da “elite artística mundial” que dita o que deve ser considerado arte ou não, o que deve ser autorizado de sair de periferia e o que “deve” ser mantido na marginalidade.
O filme estreou na quinta-feira passada (01/06) e segue em cartaz em vários estados brasileiros.





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