TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO - UM CLÁSSICO INSTANTÂNEO.
- Victor Rangel

- 27 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de jul. de 2023

Desde sua estreia aqui no Brasil, em Junho/22 que penso em escrever sobre esse filme, mas existem tantas coisas brilhantes acontecendo na tela que ainda não consegui concatenar as ideias todas em apenas um texto. Pois hoje vou tentar falar sobre o que mais me impactou nessa verdadeira obra prima.
Ouvi uma vez a entrevistadora Marília Gabriel falando a palavra “iconoclasta*” (*Que ou quem que não respeita tradições, monumentos ou convenções) e sempre quis usar em alguma situação. Hehe
Chegou o dia! Iconoclasta é a palavra que melhor define Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, de Daniel Kwan, Daniel Scheinert (The Daniels).
Essa quebra de paradigmas, reforçados bastante pela indústria do cinema americano, começa na escolha dos personagens do centro da trama: Uma família de imigrantes chineses, donos de uma lavanderia que tem como matriarca a protagonista Evelyn Wang (Michelle Yeoh), que lida com conflitos extremamente humanos como problemas com imposto de renda, cuidar do pai idoso Gong Gong (James Hong), os conflitos de relação a filha adolescente Joy Wang (Stephanie Hsu). Esses personagens fogem completamente da convenção de estereótipos que costumamos ver nesses filmes que focam fortemente o público jovem. Estamos em tempos de ver novas histórias, novos protagonistas, novos pontos de vista e isso o filme cumpre lindamente com o seu papel.
Tudo até aqui pode até parecer muito monótono, mas não se engane, esse é o filme sobre multiverso mais insano produzido até hoje. Assim como nas múltiplas realidades retratadas no filme, nossas emoções também são jogadas de um lado para o outro, onde conseguimos chorar e rir na mesma cena. Cenas improváveis e muito bem construídas, nos levam a aceitar cada absurdo que nos é apresentado, sem compromisso com a realidade que conhecemos. Apesar de toda a fantasia, os conflitos estão alí, cheios de humanidade, questionamentos sociais e afetivos.
O filme é um verdadeiro banquete visual, impecável desde os figurinos estonteantes até sua edição final super frenética, cheia de cortes rápidos. Referências a outros filmes como Matrix, Kill Bill, Lucy e até Ratatouille, são reconhecidas facilmente durante as cenas. Uma mega produção com um orçamento impressionantemente baixo: 25 Milhões de Dólares, que vira “troco de bala” quando comparados a outras grandes produções como Dr. Estranho – No Multiverso da Loucura por exemplo, que custou 200 Milhões de Dólares e mesmo assim ainda está longe de ser um dos filmes mais caros da história com orçamentos que ultrapassam a marca de 300 Milhões de Dólares.
Uma menção especial as cenas de kung-fu, extremamente bem coreografadas, feitas com Michelle Yeoh que esbanja vitalidade e flexibilidade aos 60 anos de idade. Todo o elenco entrega muita interpretação, a sinergia entre eles impressiona, parece que cada um deles nasceu para fazer exatamente aquele papel. O Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante para o Ke Huy Quan que interpreta o pai, não poderia ser de outra pessoa. Como um ator tão brilhante desses fica por quase 30 anos sem ser convidado para atuar em outro filme.
Enfim, eu poderia escrever muito mais sobre esse filme de tantas coisas boas que tenho para falar dele. Sem sombra de dúvidas, esse é um dos filmes que se tornam clássicos assim que nascem. Divertido, emocionante e insano, esse filme arrebata o expectador de uma forma inédita.





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